Casa no Penedo - Parede, Cascais, Lisboa.

A casa que não podia ser de uma outra forma.

atelier vinte e um ↓

 

A casa que não podia ser de outra forma. Um somatório de constrangimentos de todas as ordens pousado num papel em branco. A exemplo: um polígono de implantação ao centro com uma fachada cega a nascente; um trapézio visto do ar, com zero faces paralelas ou porventura perpendiculares; um perfil natural acidentado; um orçamento limitado, para a construção e para a habitação; uma tipologia que precisa ser apertada; e uma vizinhança de autoconstrução. Não os enumeramos chorosamente pelo que nos impediram de fazer. Pelo contrário, nomeamo-los primeiramente pelo seu papel de protagonistas na definição do desenho da casa.

tipo construção nova

função coautor e coordenador

área 170 m2

ano 2017

estado construído

programa habitação unifamiliar

 
 
 

A distribuição do programa apresenta-se sem alternativas: espaços sociais no piso térreo e três quartos no piso superior. O orçamento limitado encaminhou-nos a encontrar espaço para a ortogonalidade na mancha trapezoidal da possível implantação. (Espaços ortogonais permitem receber carpintarias standard a custos menores.) Encontrado o desenho da planta superior, como reflexo dele mesmo, configura-se em baixo um espaço uno e tripartido. Mostrando-se fundamental apontar os olhos para baixo, desnivelou-se o espaço social em três patamares que acompanham o declive do jardim. Crescemos enquanto descemos. Talvez descemos enquanto crescemos.

 

A fachada da rua apontava para norte e a passadeira apontava à porta de entrada. A luz rodava pelas outras três fachadas. Decidimos deixá-la entrar por vãos estreitos e reduzidos para poupar. Reduzimos as pontes térmicas e aumentámos a inércia. Acabou assim por ficar cega para a rua esta casa! Contudo, sabemos hoje que verão e inverno não entraram como é costume. Não havendo espaço disponível para protejer do sul, instalámos estores laminados pelo exterior de cada janela de forma a nunca termos de tirar os olhos do jardim. Cada fachada da casa foi rigorosamente desenhada para que não hajam principal nem tardoz.

 

É ainda verdade, que também nos materiais e nos detalhes nos detivemos no desenho. Escolhemos o cerâmico dez por dez mais barato do mercado para revestir todas as instalações sanitárias, para podermos ter um pavimento com quatro milímetros de madeira. A casa cheira a conforto agora. Além disso, desenhámos criteriosamente a iluminação da casa com casquilhos de plástico com lâmpada à vista para podermos ter uma pedra mármore em toda a bancada da cozinha. Para concluir, acresce referir que o serralheiro cobrou tanto ou menos pelo número de polícia do que aqueles já feitos das lojas da especialidade.

 
 
 

Sobre a cor, estando já formalmente afastados do contexto em redor, era necessário fundir a casa na paisagem urbana que a continha. Não precisamos assinalar a casa na rua, afinal é só mais uma casa, no meio de outras casas e que assim deve continuar. O facto dissonante de nem apresentar uma cobertura inclinada, com uma, duas ou mais águas, deve-se apenas ao facto de termos optado por uma solução economicamente mais viável mas esteticamente menos viável.

 

Sentir que a casa cheira a conforto.

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